terça-feira, 4 de maio de 2010

Labirintos vivos

Aqueles corredores faziam sua imaginação aflorar. Tantas histórias, tantas vidas concentradas ali, lado a lado, numeradas e organizadas em celas individuais de diversos tamanhos. Os muitos corpos que por ali passavam pareciam não se incomodar com a presença delas. Na verdade, nem mesmo notavam que aquele mundo era muito maior do que aparentava. Mas ele notava. Sim, ele era capaz de ouvir todas aquelas vozes aprisionadas ali. Ainda que não conhecesse quase nada, transportava-se para o meio daqueles corredores e podia ouvir os gritos mudos daquelas vidas sem corpos. Sentia-se observado, admirado, invejado. Era capaz de perceber o chamado daquelas almas que lhe cercavam, sentindo-se tentado a atendê-los. Ficava cada vez mais difícil não se deixar seduzir por aqueles clamores por liberdade, mas vagava por aqueles corredores buscando uma vida em particular. Tinha um destino certo e não podia perder-se no caminho. Sabia que tudo o que aquelas almas queriam era um corpo onde pudessem voar livres. Até que, enfim, ele encontra o que procurava. Olha para aquela pequena cela, com aquela vida ali dentro, sorrindo para ele. Admira-a por um instante, ouve seu chamado e então, a liberta. Agora aquela alma ganha um corpo: o dele.

2 comentários:

Anti disse...

Bonito, Sara! Gostei do jeito que vc escreve...bjo

. ana . disse...

adorei.