quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sobre odiar alguém

DEVE HAVER UMAS TRÊS FORMAS, pelo menos, de dizer o quanto você odeia alguém. Não que elas não possam ser combinadas (até devem), mas são usadas conforme a importância que o sujeito-alvo tem para você.

A primeira é o sarcasmo, aquele tempero que estraga a comida quando você já está terminando de mastigar; é quase um gole de refrigerante delicioso, mas que você descobre, decepcionado, que é diet. Basta concordar, ser a pessoa mais condescendente do mundo e, em um instante, tudo com o que você acabou de concordar com tanta ênfase significa uma completa negação. O que pode ser melhor que o sarcasmo, não é mesmo?

Você também pode passar a utilizar a variante monossilábica do português. Todos os “sim” e os “não” vão significar, necessariamente, que você pouco se importa. Aliás, há aqueles que aprimoraram essa técnica criando a variante bovina-concordativa. Hmmm, aham...

Mas a pior delas, a mais cruel, a mais cantada pelos poetas que com ela sofreram é a total e absoluta indiferença. A partir de agora você simplesmente deixou de existir. Não é que você morreu, tão-somente você jamais significou-me coisa alguma. Inclusive nem me importo com minha própria indiferença que supus ter. Com licença.

Ainda assim, essa última forma de odiar alguém é paradoxal. Se você merece tal tratamento é porque atingiu-me de tal forma que se eu tiver que te odiar, só sou capaz de te odiar assim. Deve haver umas três formas, pelo menos, de dizer o quanto você ama alguém.

Nunca mais olhe nos meus olhos.

 
 
[Esse texto não foi escrito por mim. Ele é de autoria do meu querido amigo Carlos Pierrot, e por ter presenciado a criação, lido o rascunho e me encantado por ele, resolvi colocar aqui.]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por não conseguir alcançar o céu, contentou-se em comer estrelas.