terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Inconstância

Ela estava atordoada com o que acabara de ouvir. Não esperava uma reação assim. Ele já fizera mal a ela uma vez, mas ela perdoara. Ela sempre perdoa. Costuma dar segundas chances às pessoas, e com ele não seria diferente. Por pior que tenha sido sua atitude, ficara no passado. Mas ele parecia não ter entendido que insistir em machucar não a faria perdoar de novo.
Ele a julgava inconstante, dizia-se nervoso com as alterações repentinas de humor que frequentemente a afetavam. Dizia não entendê-las, não suportá-las. Mas ela não podia evitar. Ela também não se sentia bem com tamanha inconstância, mas é de sua natureza e ela estava aprendendo a contorná-las.
E agora via-se surpreendida por uma reação que, para ela, era exagerada. Ainda procurou entender, conversar, amenizar o estrago que poderia afetar demais os dois, mas não houve jeito. A surpresa transformou-se em revolta, apimentada por um tom de sarcasmo de ambos os lados, e a conversa tomou um rumo totalmente indesejado. Ele disse coisas que ela recusava-se a acreditar serem os reais pensamentos dele. Mas pareciam ser. Ela ainda tentava diminuir as consequências, fazer com que a discussão deixasse de ser agressiva, mas ele parecia realmente querer machucá-la de novo. As palavras dele a atingiram como um corte feito com papel, que não fere profundamente, mas dói, incomoda e faz-se lembrar por algum tempo.
Ela ainda está tentando digerir toda aquela discussão, entender as razões para que o resultado seja o melhor para ela. Mas é cada vez mais difícil entender, aceitar. E ela então desiste, vira-se, e dorme.

3 comentários:

Fabi. disse...

Inconstância, o maior mal do ser humano !

Sara Duim disse...

Se não o maior, com certeza, um deles!

Anônimo disse...

Ele a julgava inconstante, dizia-se nervoso com as alterações repentinas de humor que frequentemente a afetavam.

esse cara não conheçe mulher
fato !