Ela observava o mar, sentada num banco, sozinha. Tinha a pele bronzeada pelo sol, longos cabelos cacheados e loiros, e um olhar suave, azul como o céu. Seu corpo era esbelto, suas mãos finas e compridas. Era encantadora.
Quando a solidão apertava o peito, ela costumava olhar o mar e vagar por sua imensidão azul-esverdeada, passeando apenas com os olhos por toda a praia. Nesses momentos, sua beleza tornava-se ainda mais evidente. O sol deixava seus cabelos dourados, e seus olhos brilhavam, mas agora com um ar melancólico que a fazia ainda mais doce.
A falta que ele fazia a tornara menos alegre, dando-lhe um sorriso tímido e um olhar triste. Já haviam se passado anos, mas sua vida nunca seria a mesma. Já tentara mudar de cidade, conhecer novas pessoas, novos amores, mas nada foi capaz de apagar a marca deixada por aquele amor. A maneira repentina com que seus planos e sonhos foram destruídos deixou uma cicatriz em seu peito, que ela fazia questão de esconder. Mostrá-la seria como provocar a curiosidade dos outros, que a indagariam razões para a existência daquela marca. Explicá-la seria ainda mais doloroso, por trazer à memória aquele dia que ela tanto desejava esquecer.
Cansada de tantos dias perdidos e tantas tentativas frustradas, ela se levanta e caminha em direção ao mar. Seus passos são lentos, como os de quem não deseja chegar a lugar algum, mas com a decisão de quem escolhe um caminho. A praia parece tão longa, o mar parece tão distante. Até que então ela sente a água bater em seus pés, acariciá-los como quem os deseja, como quem os quer para si. O calor da água toma conta de suas pernas, ela sente um calafrio que se espalha por todo seu corpo. Seus seios, seus ombros, seu pescoço, vão sendo submersos pela imensidão azul. Seus cabelos são recebidos pela água cálida, enquanto ela continua andando. Seu corpo é então acolhido pelo mar, que a envolve com a paz que ela tanto desejou.
Um comentário:
muito bom, Sara! Realmente! ;D
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