Um conto em especial me chamou a atenção, por falar de uma forma diferente sobre a amizade. Não sei muito bem fazer uma análise sobre o texto - nem quero, muito menos dizer o porquê de ter despertado em mim tamanho interesse. Mas por ter me chamado tanta atenção, resolvi colocá-lo aqui.
"Há tanto tempo precisávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao outro. [...] Depois da conversa sentíamo-nos tão contentes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto. [...] Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas. Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. [...] Mas como se nos revelava sintética a amizade. [...] O mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos. [...] a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior, incômoda. [...] A pretexto de férias com minha família, separamo-nos. [...] Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros."
Clarice Lispector. Uma Amizade Sincera. In Felicidade Clandestina.
A amizade é algo intrigante. É uma das muitas coisas que me interessam, e sem a qual eu não vivo.
2 comentários:
Te amo e sempre te amarei de um alguem que vc sabe bem quem...
faço parte das que não gosta da Clarice =x
Inclusive foi o único livro que eu não li pro vestibular, Felicidade Clandestina
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