Eu estava ali, encostado naqueles ferros gelados, apenas esperando minha deixa para ir embora. Ela veio falar comigo. Chegou perto, muito perto. Não soube o que fazer. Aquela distância me perturbou, mas eu não poderia transparecer toda essa confusão que se iniciava dentro de mim. Não podia me mover. Suas mãos me tocaram quando ela, por delicadeza ou má intenção, arrumou minha jaqueta. Sentir aquelas mãos em meu corpo foi como partir para um outro universo, viajar pelo espaço e então voltar à terra, tudo em questão de segundos. Conversávamos qualquer coisa, um assunto tão banal que não faz nem diferença. Ela estava tão perto. Podia sentir o calor de seu corpo. E eu nem mesmo a conhecia.
Ela então se foi. Fiquei olhando enquanto partia. Senti o vento gelado me envolver de repente. Ela não mais estava perto para me esquentar. Aquela sensação estranha tomou conta de mim. Fui embora também. O dia deveria terminar logo, mas aquela conversa, com aquela proximidade toda, não me deixou em paz. Ou talvez o licor de cereja seja o culpado pela minha falta de sono. Mas ela estava tão perto. E eu nem mesmo a conhecia.
Percebi-me pensando nela, em como seria quando a visse novamente. Minha vontade de tê-la próxima assim de novo era grande demais. Quando vi, já havia falado sobre ela, sobre como estava perto. Muito perto. É que eu não a conhecia. E ela chegou tão perto...
5 comentários:
Simplesmente lindo. Consegui me transportar ao ambiente narrado, senti o vento, o gosto do licor e até a agonia de sentir sem saber bem o quê.
História tipicamente curitibana por causa do tempo
mais, eu quero sempre mais!
Se você ficar rica como escritora, eu quero 10% em cima disso! Hehhehehe
A cada texto noto a beleza das suas palavras em seus texto... o esplendor das historias e contos.
Mas estou esperando um conto em espanhol...
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